A peculiaridade do palavreado

30-09-2014 14:54

O caso do tio

Quando criança, nas reuniões de família, tio Jorge sempre se destacava por sua peculiar maneira de contar "causos". 

Numa das reuniões, contava ele: 

Um homem estava pescando, e, talvez, até o momento nada de conseguir pegar um peixe sequer. Passou por ele um senhor que, vendo-o tão concentrado na pescaria, lhe disse: "tenteia, compadre!" E tio Jorge, mais que depressa, respondeu: "quantos minheiros o senhor quer?". 

 

O caso do pai

Lá pelas bandas de São José do Rio Preto, Octavio, jovem muito ativo, foi aprender a dirigir. 

Na época, era considerado "o carro" o Ford 29. Dizia ele que, ainda aprendiz de motorista, dava tudo o que podia e ainda mais na direção. Por isso era chamado de o "ranca toco". Esse caso ele gostava sempre de nos contar, em rodas de conversa. 

Ainda sobre seu palavreado, ouvíamos smepre meu pai dizer, quando uma pessoa o cumprimentava, perguntando-lhe: "como vai Sr. Octavio?". E ele respondia: "vou pelejando."

 

Fico pensando. Eu ainda tive oportunidade de ouvir causos , ou pitorescas histórias contadas por familiares, com palavreado característico da época. Contudo, atualmente, com o advento da tecnologia, o palavreado está se tornando frio e econômico. Haja visto as gírias, o abreviamento das mensagens via internet, celular ou na escrita manual que se torna cada vez mais rara. Como ficaremos, no futuro, com o nosso palavreado? Será cada vez mais mecânico, via símbolos?