Maravilhamento - Exercício Agosto/setembro

14-09-2014 17:46

Maravilhamento

 

Há muito tempo, na juventude, não muito jovem, era apenas mais uma que procurava algo quase impossível de se encontrar, mas sentia que alguma coisa iria acontecer; que à minha frente se abriria uma cortina e a minha vida mudaria completamente.
Por muito tempo, escalei essa procura que me tornava quase doida, era uma busca sem fim, que anulava outros anseios juvenis, e nada acontecia. Procurava conhecer muitas pessoas, pois sabia que, em algum lugar do mundo, encontraria. Sim, mas o quê? Não sabia, mas a certeza eu a tinha comigo: o fato aconteceria e tudo seria diferente.
O tempo passava, e eu continuava minha busca insana dentro do desconhecido, no meu “eu” faltava algo, mas o quê? Não sabia.
Porém, um dia, um dos mais felizes de minha vida sem sentido, sem razão para existir, a cortina se abriu! Do outro lado estava o motivo de minha procura.
O que era? Tudo. Entre o tudo que buscava estava um par de olhos que fitavam os meus, e ambos ficamos paralisados. Não sabemos o que houve, mas tudo mudou. Minha alma se saciou, senti que cabia mais felicidade em meu coração; minha alma parecia voar como um pássaro dourado, ostentando as asas de ouro e espalhando brilho por todo o meu viver.
Era feliz, muito feliz! Uma grande glória. Era feliz demais para ser verdade, nosso amor era maior que tudo: céu, terra, fontes, mares. Sabia que, com a primavera havia chegado, e com ela partiria a nossa felicidade. Vivemos intensamente enquanto pudemos. Quanto tempo? Três dias, três meses, três anos? Não importa o tempo, valeu a pena!
A primeira vez que nos beijamos entrei em êxtase, me vi num jardim cheio de flores coloridas e perfumadas; ouvi música, o coro dos anjos, entoando o hino do amor. Meu maravilhamento ultrapassou todos os limites e enlouqueci de felicidade. Mas...
“Somente uma vez se ama na vida/Somente uma vez se entrega a alma e depois nada mais” (como diz a canção do rio Irakitan). Sabia que chegara com a primavera e com ela partiria esse mundo encantado.
O destino se encarregou de nos separar e não teve piedade: passamos por terremotos, tempestades, trovoadas e tsunamis. O destino nos separou, mas não conseguiu quebrar os grilhões dourados que nos uniam, nem estrangular nossas almas emergidas uma na outra.  
Como somos apenas um, sou feliz porque ele existe e está sempre perto de mim. A lua, a noite e o silêncio são testemunhas do nosso louco amor. Espero, com fé e paciência, o dia, a noite, o minuto, o segundo em que nossos corpos e lábios novamente se encontrarão. Quando? Não importa, pode ser arte na eternidade!
Hoje, a princesa adormecida que existe nas minhas profundezas ainda espera a chegada do príncipe encantado em seu cavalo branco, Porém o pobre príncipe ainda não encontrou o cavalo, mas em algum momento, em algum canto do mundo encontrará. Então seremos felizes, apenas um  e o resto já não existirá!