O caso do vestido

15-07-2015 15:09
Na Chácara "Bem Viver", no interior do Estado do Espírito Santo, morava a família Gardenia. Era composta pelo pai januário, a mãe, Maria Amélia, as filhas, Maria Angélica e Maria Antônia.
A família, antes do acontecimento desastroso e inconsequente do pai,  que cometeu a grande traição, era muito amorosa. Viviam bem, economicamente, mas, após essse período, e a perda dos bens, houve a decadência moral, espiritual e financeira, obrigando a mãe a lutar pela sua sobrevivência e a das filhas, incluso que se mudaram para a pequena cidade próxima à chácara onde viveram.
A casa era composta de cinco cômodos, dois quartos, sala, cozinha e banheiro. A casa de alvenaria, térrea, com piso de cerâmica e pintura desgastada, em nada lembrava a casa sede da chácara. Na entrada que dava acesso à sala, havia uma escada de madeira, com três degraus. A sala era o cômodo mais usado pela família, e também o mais arejado. Tiunha duas grandes janelas que se abriam para a rua arborizada. Como se mudaram no início da primavera, o cenário visto da janela trazia momentos de relaxamento e deslumbre, devido ao colorido das ávpres floridas. Pelo menos a natureza cumpria seu papel solidário à grande perda de dignidade da esposa traída.
A sala possuía mais móveis que o restante da casa, uma mesa de madeira com quatro cadeiras, toalha estampada, fruteira de porcelana, peças com mais valor, que restaram do enxoval de casamento de Maria Amélia. Havia, também, uma cristaleira, onde estavam guardados os poucos utensílios domésticos. Numa das paredes, um quadro de flores, tela pintada por maria Antônia, uma das filhas, quando ainda tinham condições de pagar as aulas de pintura em tela. Na parede oposta, um gancho. No gancho, dependurado num cabide, um vestido vermelho de veludo, cujo decote acentuado servira para emoldurar o colo da mulher que o usara, fruto da paixão e da traição do marido.
Marai Amélia, mulher simples, de baixa estatura, submissa, compdrometida com o bem-estar da família, acabou vítima da chantagem emocional do marido, um mau caráter, homem sem escrúpulos e egosísta, que não media esforços para obetr o que desejasse. Ordenou que a esposa implorasse à mulher por quem se apaixonara que o aceitasse como amante. Ela o fez, humilhada pela outra mulher que se fez de rogada, dizendo que o aceitaria não por estar apaixonada, mas pelo pedido da esposa.
A amante era conhecida na cidade como Cleópatra, mulher charmosa, dona de beleza notável. Aproveitava de seus belos atrativos para seduzir os admiradores. Aceitou viver o momento de paixão com Januário. O tempo passou, Januário desapareceu da vida de Cleópatra, sem dar explicações. Esta, agora apaixonada, e com a beleza em declínio, resolveu ir à procura da esposa traíd, para implorar seu perdão e deixar o vestido vermelho que, outrora, fora seu troféu de sedução.
Contou a Maria Amélia do seu grande desespero pela perda de Januário, e tudo que fez para implorar que ficasse. Não sabendo onde o marido andava, a esposa aceitou o vestido e, olhando para a sedutora, pensou consigo mesma: "Cadê toda beleza da tentadodra de homens? Como o tempo a fez vulnerável! E que amor bandido é esse?"
Agora, o vestido na sala aguçava a curiosidade das filhas, que questionaram a mãe o porquê de ele ficar em destaque na sala. Maria Amélia respondeu, contando a história da paixaão do pai pela dona tentadora, que, passado os anos, já não o satisfazia. Mas interrompeu a históra, ao ouvir passos na escada: "É vosso pai". Disse a mãe. De fato, Januário descobrira o novo endereço da família e retornava como se nada houvesse acontecido.
Exigiu da mulher que o alimentasse, e ela o fez, como era de sua naturezaservir, sem questionar.