Remix Ferreira Gullar
Foi solicitado aos alunos que, a partir de fragmentos poéticos de Ferreira Gullar, construíssem novos textos. Em negrito, os excertos do poeta estudado.
PROSA POÉTICA – PALAVRAS EM CONSTRUÇÃO
Você, sempre comigo,
e através de mim, sinto-me
em distorcido local onde
há um lugar separado,
olhos intrigantes segredos,
disfarces, onde eu não posso falar.
Sufocada, à deriva, dispersa,
sem cinzas peneira, como poeira,
devaneio...
Velhos amigos, a beira do lago,
a dizer palavras como a clara fina,
mas a língua, insensata, brota
no silêncio retratado que se foi,
podre com o que, traz a imagem
quieta, refletida na memória de água,
de alimentação, de fome, que perdeu-se
no passado, e, penetra o campo
existencial da não indulgência sufocada.
Ver passar o tempo, nostálgico,
sentir o cheiro da chuva primaveril,
sem receios, ou único medo, que tem
um gosto de novo porvir.
Algum dia, a vontade não ser,
sem opressão, espera-me no silêncio,
nas confidências, a partir de lugar algum.
Eu faço uma canção para desabafar
ou, único medo vencido, e livre,
após remover as brumas secretas,
em êxtase, nesse afã, aconchegar você,
sempre comigo, do começo ao fim,
a partir de algum lugar...
Recomeçar...
Frase ilustrativa de efeito:
“É a filosofia que sorri do que foi decifrado”
(Mário Sérgio Cortela)