A vida secreta do cérebro adulto

04-11-2014 14:33
A vida secreta do cérebro adulto é o título do livro da pesquisadora e jornalista científica Bárbara Strautch. No Brasil, o livro foi lançado pela Editora Zahar com o título equivocado e que apela para a autoajuda: "O melhor cérebro de sua vida". O livro compila resultados de importantes pesquisas científicas que abordam o desempenho do cérebro entre os 40 e os 70 anos. 
É comum que as pessoas acreditem, ainda, que os neurônios têm uma vida útil e que num dado tempo morrem e não se regeneram, ocasionando debilidade das funções cerebrais. Contudo, as investigações mais recentes sobre o cérebro adulto e dos idosos mostram que a atividade mental modifica o cérebro, que a aprendizagem proporciona novas conexões neurais, restabelecendo a plasticidade desse órgão tão fundamental, que, já nos Tratados Hipocráticos  (460a.C-370 a.C) aparecia como essencial: 
Os homens deveriam saber que é do cérebro que provém as alegrias, os prazeres, o riso, as dores, as aflições. [...] Com o cérebro adquirimos sabedoria e conhecimento, vemos, ouvimos, entendemos o que é justo, o que é bom e o que é mal. (Hipócrates)

 

Dentre as pesquisas citadas no livro de Strauch, algumas se destacam pela importância. Por exemplo, o fato de que o cérebro dos adultos maiores, embora demore minutos a mais para encontrar a solução para um dado problema, tem bem mais acertos nas respostas do que os cérebros mais jovens. Vale destacar, também, que o cérebro dos idosos parece deixar de lado a preocupação com detalhes, e isso favorece o armazenamento de novas informações. 
Entretanto, a descoberta central, que embasa todas as outras, é o fato de que a manutenção da atividade intelectual acarreta a regeneração neural, fato que está amplamente documentado. Realmente, estudos alemães e ingleses vem comprovando, de modo sistemático, que o esforço mental e cognitivo implica na formação intensa novas conexões neurais. 
"Dependiendo de la naturaleza de la actividad mental, las neuronas nuevas se multiplican con especial intensidad en distintas zonas cerebrales".
Especificamente, a aquisição de novos conhecimentos transforma e potencializa o cérebro de idosos, e, segundo os pesquisadores, muitos podem vir a se destacar em áreas como a linguística, , matemática e outras. Além disso, adquirir novos conhecimentos faz com que os adultos maiores se mantenham psicológica e afetivamente conectados com o mundo, atualizando suas vivências e influenciando positivamente no processo contínuo de socialização. 
Para obter resultados efetivos, é necessário que as atividades intelectuais sejam rotineiras e sempre configurem um novo desafio de aprendizagem. Os novos conhecimentos, aliados à bagagem de uma vida toda, podem favorecer a criatividade e proporcionar um envelhecimento mais saudável e rico do ponto de vista emocional e psíquico.