Exercício "O Cão Achado!

25-07-2013 21:18

O CÃO  FELPUDO

 

Cipriano Algor é um homem baixo com uma calvície em estado adiantado e uma barriga que denuncia seus 60  e poucos anos de uma alimentação abusiva e pouco recomendada. Tem um gênio forte, é de poucas palavras mas com atos bastante determinados. É decidido e também muito bem sucedido em seus negócios, o que lhe proporciona uma vida cômoda e estável. É um homem que tem tudo para ser muito feliz, não fosse o fato de ter sido abandonado por sua esposa, o que lhe endureceu o coração, fazendo com que ele se dedicasse cada vez mais ao seu trabalho.

Marta, sua filha, uma moça alta e muito bonita. Tem os traços forte da mãe. É esguia e está sempre com rabo de cavalo para prender os cabelos que quando soltos  lhe caem em cascatas encaracolados. É determinada e também muito prendada . Cuida muito bem de seu pai e da casa com bastante zelo e carinho. Cultiva um pequeno jardim, herança de sua mãe, cheio de rosas, dálias e hibiscos. Dedica-se também ao bordado e a pintura. Possui quadros lindos porém tristes. Tem um coração meigo e gentil, mas, alguma coisa que  não consegue explicar , a deixa angustiada, apreensiva e até um pouco frustrada. Sente que lhe falta alguma coisa mas não consegue saber o que é.

Apesar de todos os seus afazeres e dedicações, o vazio permanece.

Pai e filha vivem cada um em seu mundo, fechados, dentro de si mesmo, apesar de viverem na mesma casa.

Um dia, quando estava indo para o trabalho, Cipriano pensou ter visto um cão abandonado, mas não se deu ao trabalho de pensar muito nisto. No dia seguinte, no mesmo lugar, lá estava aquele  cãozinho de novo e dessa vez ele parou, recolheu o cão e o levou para sua casa. Ele estava tão sujo, com os pelos embaraçados, os olhinhos tristes e profundos.

Marta o acolheu e cuidou dele, deu-lhe banho, água, comida e o viram se transformar.  Seu pelo já desembaraçado, agora brilhava de um preto quase azulado. Ele tinha o peito branco e as mãozinhas pretas, os pézinhos brancos e olhos tão expressivos que pareciam mostrar sua alma. Ele estava muito feliz porque agora tinha um lar e donos muito carinhosos.

Ele sabia quando Cipriano ia trabalhar e ficava olhando até vê-lo desaparecer pelo caminho e então ficava aos pés de Marta. Onde ela ia, estava junto, tornando-os inseparáveis. Sabia quando chegava a hora de Cipriano voltar e ficava esperando por ele e a casa se transformava com a alegria do  pequeno cão, que recebeu o nome de Felpudo. Ele pulava, brincava, latia feliz até ganhar a atenção toda só para ele.

Felpudo estava tão feliz naquela casa, que aos poucos sentia fazer parte da família. Com o seu jeito especial, seus olhinhos tão brilhantes e seu sorriso encantador, para todo e qualquer momento, como se não houvesse tristeza na vida, ele conseguiu fazer com que aquelas duas pessoas, tão voltadas para si mesma, encontrassem um pouco de paz, alegria e esperança de um futuro melhor e bem mais feliz.