Exercício Reportagem 12/2012

10-06-2013 12:43

A morte do lápis e da caneta

“Boa notícia para as crianças americanas. Vai ficando optativo, nos Estados Unidos, escrever em letra de mão. Um dos últimos a se renderem aos novos tempos é o Estado de Indiana, que aposentou os cadernos de caligrafia agora em julho.”

 

Começa assim o artigo de Marcelo Coelho, publicado no jornal Folha de São Paulo, de 20 de julho de 2011, com o título “A morte do lápis e da caneta”.  É fácil deduzir que foi decretado o fim do papel, o fim do lápis e da caneta! O fim do caderno de caligrafia! Quem não se lembra dele?

Os futuros alunos não precisarão aprender a escrever com a mão, pois usarão os computadores, que, inclusos na vida escolar darão um fim à escrita cursiva. As crianças farão tudo no computador, basta ensinar-lhes um pouco de digitação.

O homem aprendeu a escrever para se comunicar e registrar sua história. Mas, até chegar na era moderna, a era digital, os seres humanos passaram por várias formas de escrita.

Os primeiros escritos foram encontrados por volta de 3.300 a.C., na Mesopotâmia. Os sumérios, que viviam nessa região desenvolveram uma escrita que gravava símbolos em placas de argila e cerâmica. Os hieróglifos egípcios surgiram entre 3.500 e 3.000 a.C.. Essa escrita tinha figuras que representavam sons. Quem sabia escrever tinha poder na sociedade.

A primeira caneta surgiu por volta de 300 a.C.; feita de bambu, com ponta fina que era mergulhada em tinta. Na Idade Média apareceu o modelo com penas de aves. O primeiro alfabeto foi criado entre 1400 a 1000 a.C., pelos fenícios, que se inspiraram nos hieróglifos egípcios. Com apenas 22 letras, foi base para a criação do alfabeto romano, que usamos hoje.

Por volta de 1450, o alemão Gutenberg criou um método de impressão. Ele usou letras de metal para montar textos e passá-los para o papel.

            Assim como o homem evoluiu ao longo do tempo, nós não nascemos sabendo escrever. Começamos, aprendendo letras de forma (bastões) e, depois, passamos para a letra cursiva, que une as letras para formar uma palavra. Aprender a escrever faz parte do nosso crescimento.

            A pedagoga Maria Fernanda Balugani, que trabalha com crianças nessa fase escolar, afirma: “Quando a criança aprende a letra cursiva, é como se pudesse entrar no mundo dos adultos”.

            O aprendizado da escrita pode estar associado a atividades lúdicas: a criança aprende brincando. Algumas dessas atividades ajudam a criança a escrever melhor: bordar, amassar papel e massinha, recortar, colar, fazer desenhos, escrever na areia etc.

            Hoje em dia, atividades digitais também podem acrescentar capacidades importantes às crianças. Em todas essas atividades devemos ressaltar e analisar os movimentos ds mãos, particularmente dos dedos, para entendermos o processo da escrita.

Na mão, temos o polegar, vulgarmente chamado de dedão. É ele que permite que a gente pegue, agarre, puxe e faça pinça. Para empurrar ou apertar um botão não precisamos dele.  Mas, para muitas outras atividades do ser humano ele é essencial.

Agora, a tecnologia vem substituindo esse “instrumento” por “programas”. Para desencadeá-los, basta apertar um botão ou uma tecla. Eis a vitória do indicador sobre o polegar!

O que isso vai significar para a humanidade? Quem sabe, está começando uma nova era para os homens! Que humanidade nascerá da vitória do indicador? Só o futuro responderá essa pergunta.

Hoje em dia, porém, para escrever, desenhar, dobrar, colorir, o polegar é indispensável. Ainda existem, calígrafos que ganham a vida escrevendo bonito. Ainda usamos o dedão para abrir o zíper, enfiar a linha na agulha, para lapidar pedras preciosas, segurar um bisturi, mexer a comida na panela.

A nossa mão, que não é pata, é o nosso principal instrumento para efetuarmos nossas atividades cotidianas. Mesmo com seu uso diminuído, por conta de tantas descobertas tecnológicas, vale a pena adestrar nossas crianças para o uso das mãos. E a escola é o lugar ideal para desenvolver as numerosas aptidões manuais do ser humano.

A calculadora não eliminou a necessidade de se aprender a tabuada. Não devemos aceitar que o teclado termine com a letra de mão.

Essa questão que agora levantamos vai além do aspecto prático. Tem, também, um aspecto psicológico, quando afirmamos que a letra de uma pessoa revela particularidades de sua (ou meros rabiscos) representa sua marca registrada, reconhecendo não só sua presença, mas suas responsabilidades.

Toda criança aprende a escrever copiando a caligrafia caprichada das professoras do “primário”, mas ao longo da vida, cada pessoa adota uma letra própria. O que é interessante na letra cursiva é que ela consegue reunir o individual (cada letra é única no mundo) e o universal (ela escreve palavras em muitos idiomas).

As letras de um computador, embora práticas e populares, correspondem a uma realidade mecanizada e unificante.

Quem sabe, no futuro, vão inventar um programa pelo qual será possível personalizar a tipografia de cada computador?  Como não sabemos o que vai acontecer, devemos defender que as crianças continuem a dominar o uso das mãos. Com o dedão ativo, foi essa mão, dominada pelo cérebro, que tornou possíveis os sonhos do Homem até nossos dias.