Exercícios Outubro/Novembro

25-03-2014 15:52

E junto ao rio, à sua margem, de um lado e de outro, nascerá árvore que dá fruto para se comer...    Ezequiel 47:12

 

O sol mergulha seus raios, tingindo as águas no remanso do rio que corre sem pressa deixando para trás suas correntezas e redemoinhos. Sem pressa, mas incansável. O astro rei acompanha as águas nas margens, beijando os ingás que tombam seus galhos, oferecendo-se aos peixes que, no entardecer, empanturram-se no alimento farto. A chalana passa devagar, formando mansamente pequenas ondas quase invisíveis para não atrapalhar a paisagem. Aqui, o salto mortal de um peixe incauto abocanhado pela garça veloz, ali um jacaré se recolhe sorrateiramente assustado, acolá um bando de borboletas se agrupam alojando-se para esperar a noite que não tarda.

É a natureza repetindo-se. A noite chega para a alegria de muitos insetos e animais de hábitos noturnos, que se aproximam das margens cumprindo seu papel na cadeia alimentar. Na chalana alguns dormem acotovelando-se nas redes empoeiradas e rotas. Outros cantarolam baixinho para ninar as crianças, movimentando um pequeno galho no improviso de um leque para espantar os mosquitos. O calor intenso deixa a noite modorrenta. Um papagaio mordisca com seu beijo de boa noite a orelha do garotinho que, indiferente às leis ambientais, tem-no como seu brinquedo.

A viagem continua. O silêncio só é quebrado pelo piar de algum animal ou pelo som tonitruante de alguns que exageraram no calmante do álcool. Só o timoneiro não dorme. Atento, movimenta vagarosamente o leme com a responsabilidade no seu melhor dia de comandante da aeronave que vê nos seus devaneios.