Narrativas Visuais

26-09-2015 16:46

Minha viagem ao Pantanal

 

 

Revendo as fotos da viagem, as recordações se tornam quase reais. Já se passaram 14 anos e as emoções vividas no pantanal continuam muito presentes. Gosto ver tudo que a natureza ainda oferece.
Naquela epoca li sobre uma excursão para o pantanal matogrossense de onibus com duração de 9 dias. Interessada providenciei minha adesão e vivi uma aventura impar. Escolhi o onibus pois assim poderia observar as diversas paisagens ao longo do trajeto. Me encantei com as enormes plantações de grãos e seu sistema automatizado de irrigação, sem presença humana. Um cano, de ca. 15-20 m de largura, perfurado para saida da agua tipo chuveiro e sustentado nos dois lados por bipés em cima de rodas, movimentava-se lentamente para regar as plantas. Vi palmeiras com florada branca em grandes cachos. De repente o onibus parou e fomos cercados por uma enorme boiada guiada por seus boiadeiros atravessando a rodovia. Tudo isso eu não teria visto se viajasse de avião.
Nossa primeira parada fui em Bonito, uma cidade com parques e lagos naturais, cercados por linda vegetação e muitos tucanos. O ápice é a famosa "Lagoa Azul" indiscritivelmente atraente por situar-se parcialmente dentro de uma caverna cheia de pingentes em calcário e recebe sua iluminação do sol atraves de fendas nas rochas.....ou talvez ao mergulhar com snorkel e pé-de-pato no meio de cardumes com belos peixes piraputangas com suas caudas e nadadeiras vermelhas e grandes dourados cor d'oro. Encontramos um rapaz com uma grande iguana domesticada que eu peguei no braço para acariciar.
Seguimos até Corumbá , onde iniciamos nossa ida ao pantanal. Pelo caminho visitamos uma fazenda onde encontramos a linda arara vermelha falante "Kiko" que atendeu meu convite:: mansamente sentou-se no meu braço e fomos ambas conhecer o "Tião" um velho bufalo que mais tarde me proporcionou um passeio de montaria. Perto do rio de aguas cristalinas e cheio de peixes, que atravessava a fazenda, macaquinhos atrevidos escondiam-se nas arvores e nos divertiam ao aparecer para pedir bananas e bolachas.
Seguimos por caminhos de terra batida até um lugar no meio do nada, onde um outro onibus, adaptado para trafegar no pantanal, com tração em 4 rodas e um guia do Ibama, indio, morador da região, nos aguardavam. Andar neste onibus mais parecia rodar num Jipe em terreno acidentado. Passamos por muitas pontes construidas com arvores, sem guias laterais, sobre enormes valetas, e apenas na largura das rodas do onibus.................. Medo! Tensão! Adrenalina!.........Por todo trajeto, à frente do onibus numerosas familas de capivaras refugiavam-se na mata ao lado do caminho, para nos dar passagem. Nas arvores de pouca folhagem, muitos ninhos de tuiuius, cujo vôo imponente é bonito de se ver.....Nosso guia, durante a viagem, com microfone na mão, informava-nos sobre a vida no pantanal.......De repente o onibus parou, o motorista e o guia desceram correndo
..............Em seguida nos convidaram para descer e ver uma sucuri de 2 metros e pouco capturada que tentara atravessar o caminho. Imobilizada com muita força pelo pescoço e pela cauda ela ainda conseguia se torcer. A convite do motorista e apos outra senhora do grupo segurar a cobra, eu tambem passei a mão no corpo dela e perdi o medo. Acariciei-a bastante...que delicia! Ela parece um fino veludo, só ... é muito fria. Devo dizer que fiquei com pena daquela pobre cobra, pois com olhos arregalados ela tentava desesperadamente se soltar e fugir. Aproveitei para tirar foto com a sucuri no meu ombro. Como aquele dia no pantanal o tempo esfriou, eu estava usando um agasalho e uma senhora atras de mim disse que eu tinha um bichinho nas costas. Tirei a blusa olhei e me arrepiei toda com uma minuscula "cobrinha" preta de seus 2-3 cm enroscada na malha. Senti medo! Imaginei que pode ser um parasita da cobra, tal qual pulga ou piolho em animais caseiros e que poderia me picar...........Seguimos viagem até uma grande ponte de madeira, estreita, para pedestres. Era o acesso ao hotel dentro do pantanal edificado em palafitas, onde uma farta mesa com "mata-fome" nos aguardava...Esta ponte atravessava um vale e olhando para baixo, encostadas em varias colunas de sustentação eu vi enormes sucuris enroladas, dormindo por causa do frio. Também muitas grandes aves se abrigavam nas arvores e aquele dia não nos alegraram com suas famosas revoadas .......
Regressando para Corumbá, novamente em nosso onibus, visitamos uma fazenda de criação de jacares. Eles vivem dentro de um enorme lago e vem para fora da agua, atendendo um chamado do tratador que grita e bate com a palma da mão na terra para chama-los. Eles ouvem ou sentem as batidas no solo . O tratador traz baldes cheios de barrigadas bovinas e o jacaré que corre mais, ganha mais "guloseimas". Enquanto um bem grandalhão, com cara de muito mau, se esforçava para ser o primeiro a chegar aos bons bocados, eu me aproximei por traz e toquei a ponta do rabo dele. Pensei que correndo para ganhar comida, ele não perceberia meu "atentado" à sua cauda. Mas,...mais do que depressa este bicho se virou e veio em minha direção. Não deu tempo de sentir suas escamas. Com os pés embaixo dos braços eu consegui correr mais depressa do que ele. E o tratador ja estava chamando e batendo de novo na terra, assim o "cara mau" achou melhor saborear seus petiscos ao inves de me perseguir......Que alivio, ufa !
Na viagem de retorno, o onibus parou algumas vezes , onde, ao lado da estrada tem um barranco e lá em baixo , muitos jacarés tomando banho de sol e entrando e sainda de uma lagoa..Tambem observamos varios cervos e veados na mata. Só faltou uma onça pintada que não encontrei.

Como é linda a natureza, com sua vida selvagem!