O beijo - Exercício agosto/setembro
O beijo
Adolescência, que época mais linda e mais feliz, pois pensamos que todos os nossos sonhos serão realizados e, então, vivemos com essa esperança.
Meus sonhos eram tantos!
Sonhei alto, sonhei grande, sonhei longe, muito longe para uma adolescente do interior, pobre, inocente e franzina.
Minha maior alegria eram as férias, quando eu podia ir para a casa de minha avó, em São Paulo, onde minhas tias me paparicavam muito. Era uma alegria só!
Mas o tempo passava tão depressa que lá estava eu, voltando para minha cidadezinha do interior, curtindo em sonho as próximas férias.
Bem, foi em uma dessas férias que realizei um dos meus sonhos. Foi numa época em que os shows ao vivo pela televisão estavam no auge e eu queria assistir um programa de auditório. E não é que eu consegui? Minhas tias me levaram ao programa do Agnaldo Rayol!
Eu adorava o Agnaldo Rayol: que voz, que simpatia, que linnnndddooooo! Isso, sem contar a presença de vários outros cantores. Era tudo o que eu queria... Ou quase tudo. Em todos os seus programas, ele fazia uma pausa para receber flores de pessoas do auditório e agradecia com um beijo. E, nesse dia, não foi diferente.
Quando ele se dirigiu para uma pessoa que tinha se levantado com as flores nas mãos, indicando que a pausa começaria... Adivinhem só! Eu mal pude esperar, saquei as minhas flores e corri para a frente do auditório, para o espanto dele, pois cheguei na frente de todos, inclusive da pessoa que ele tinha chamado.
Fui a primeira, tinha que ser! Mal podia esperar. Eu ganhei um beijo do Agnaldo Rayol, não é o máximo? Ops, foi o máximo...
Depois disso, eu não cabia mais em mim mesma tamanha a euforia, alegria e felicidade. Voltei para casa literalmente nas nuvens.
Quem podia imaginar que aquela garota inocente, franzina e interiorana, caipira, como se dizia na época, conseguiria a minha sensação de verdadeiro maravilhamento!