O grande desafio

20-05-2016 15:23

Exercício tendo como inspiração o conto "A Biblioteca de Babel", de Borges.

 

     Encerrado o Festival Anual de Cinema com todo exotismo, luxo, glamour, troféus, começa a corrida para o próximo festival envolvendo o mundo do cinema.

     Os cineastas com urgência iniciam planejamentos, alguns em andamento, outros estudando algo inédito, atual, romances em evidência, acontecimentos mundiais que possam impactar e agradar a crítica.

     O momento para inspiração era freqüentar lugares onde se discutem artes e pequenos grupos interessados se reúnem com freqüência. Num dos encontros a discussão do momento era sobre a Biblioteca de Babel, conto do famoso escritor argentino Jorge Luiz Borges, conto enigmático, polêmico, cheio de símbolos, figuras hexagonais, galerias, catálogos, um mundo figurativo interminável, desconhecido.

     Um famoso cineasta, figura sempre presente nos encontros, atento a discussão acalorada, de repente teve um insight. Ouviu atento as interpretações e...heureka, é esse o meu filme.

      Saiu do recinto eufórico, precisaria urgente um contato com o escritor para discutir a sua criação com pormenores, entender tanta simbologia e a possibilidade de elaborar um filme baseado na obra, com o seu consentimento.

     Acostumado a dar entrevistas, o escritor agendou o dia de receber o cineasta.

     Ambos sentiram-se honrados em dialogar, para ambos a arte de criar é sempre uma nova e diferente emoção. Atento percorreu o universo arquitetônico, galerias hexagonais, poços de ventilação, catálogo, dialetos, espelhos..., um torvelinho de colocações e suas diversidades que o levou a se perder num labirinto, se transportou para dentro do conto se envolvendo com as figuras.

     Entrou em transe, num mundo fantástico enquanto o escritor narrava sua criação, em devaneio, divisa um filme extraordinário. Outro insight.

     Perturbado e empolgado, já com a autorização para a filmagem, agradece a grande oportunidade de dialogar com o famoso e genial escritor. 

     Já tinha o horizonte aberto para elaborar o roteiro do filme, tinha pressa, e começaria a rascunhar no avião de volta. Um musical pedagógico numa enorme biblioteca e sua diversidade de livros. As figuras ocultas vão se materializar em crianças. Sairão do hermetismo, da metafísica, das metáforas, dos delírios para o mundo da alegria, da empolgação. Todas as figuras da Biblioteca de Babel ganharão vida.   

     Começaria a acertar o elenco e toda montagem com efeitos especiais, enfim, o desafio está lançado.

     As Agências de Turismo logo começarão a preparar a programação para o próximo festival, elaborando com antecedência excursões e agendando interessados.

     Ligaria para uma agência, marcaria uma entrevista, levaria uma sinopse do roteiro do filme para ser divulgado no pacote de viagem. Alertou sobre contatar escolas, o filme será atração para todas as idades.

     Antevia o filme pronto, ir a julgamento, agradar a crítica, e esperar o vencedor. Sentia-se feliz com sua criação e agradecido ao criador.

     Marcada a data do Festival de Cinema, enviará um convite de cortesia e agradecimento ao escritor insistindo na sua presença, apesar de sua deficiência visual, ele decidira se marcará presença.

     E nós que viajamos na obra de ficção, também como estudantes, não poderemos ficar fora da grande estréia. Vamos aguardar o lançamento do filme entrar em cartaz, providenciar com muita antecedência os ingressos, excursionar com a classe num belo e divertido passeio, assistir o musical infantil e sentir o impacto.

     De volta a sala de aula, comentar, criticar, elogiar, e nos enriquecer com as diversidades de opiniões.