Oficinas junho

07-09-2012 14:36

No mês de junho trabalhamos com o haikai, a poesia japonesa. Trata-se da forma poética oriental mais difundida no Brasil.

Se  comparado a outras artes tradicionais do oriente, o haicai  ocupa um lugar de destaque no cenário cultural brasileiro há pelo menos 100 anos, enquanto outras expressões culturais, como o Ikebana, tem se destacado apenas nos últimos 30 anos. Enquanto atividade ligada à cultura japonesa, a popularidade do haikai só encontra equivalente em outro domínio de experiências, profundamente distinto, que é o campo das artes marciais. Mas, enquanto manifestação artística da cultura japonesa no Brasil não há lugar para dúvidas: o haikai reina soberano.

O haikai chegou ao Brasil no início do século XX. No Japão, e na maioria dos países do mundo, é conhecido como HAIKU. A forma original, isto é, o haiku, chegou ao país com os primeiros imigrantes, em 1908. Entretanto, os anos de 1919 (Trovas Populares Brasileiras, Afrânio Peixoto) e 1926 (Wenceslau de Moraes) devem ser considerados como os marcos iniciais de sua difusão em português.

O haikai tem algumas regras básicas, mas que não engessam a possibilidade de adaptação à cultura onde está inserido, onde foi assimilado:

1) Consiste em 17 sílabas japonesas, divididas em três versos de 5, 7 e 5 sílabas

2) Contém alguma referência à natureza (diferente da natureza humana)

3) Refere-se a um evento particular (ou seja, não é uma generalização)

4) Apresenta tal evento como "acontecendo agora", e não no passado.

Em muitos haikais, encontramos os autores doando uma condição humana aos elementos naturais (por ex. num dos haikais em que o sol se veste atrás dos prédios). Este recurso que se limita com o maravilhoso é o efeito de um desejo de promover a comunhão entre dois pólos conflitantes.

No Ocidente prevalece a seguinte fórmula:

humano x natura

Porém, a equação oriental prevê :

humano + natura

A mudança de conceito aparece nesta doação de atributos humanos à natureza.

É importante observar  que o haikai não tem rima e nem título. É um poema CONCISO. Deve-se procurar respeitar a simplicidade e evitar “enfeitar” com “termos poéticos”, pois, no conjunto, ele já forma uma alegoria.

Deve-se captar um instante em seu núcleo de eternidade, ou melhor, um momento de transitoriedade. Para  isso, deve-se evitar o raciocínio e seguir a intuição, a inteligência sensível.

Acessem os haikais dos oficineiros na seção  Blogues dos Alunos .