Remix Ferreira Gullar

31-08-2016 15:31

Foi solicitado aos alunos que, a partir de fragmentos poéticos de Ferreira Gullar, construíssem novos textos. Em negrito, os excertos do poeta estudado.

 

            PROSA POÉTICA – PALAVRAS EM CONSTRUÇÃO

 

Você, sempre comigo,

e através de mim, sinto-me

em distorcido local onde

há um lugar separado,

olhos intrigantes segredos,

disfarces, onde eu não posso falar.

Sufocada, à deriva, dispersa,

sem cinzas peneira, como poeira,

devaneio...

Velhos amigos, a beira do lago,

a dizer palavras como a clara fina,

mas a língua, insensata, brota

no silêncio retratado que se foi,

podre com o que, traz a imagem

quieta, refletida na memória de água,

de alimentação, de fome, que perdeu-se

no passado, e, penetra o campo

existencial da não indulgência sufocada.

Ver passar o tempo, nostálgico,

sentir o cheiro da chuva primaveril,

sem receios, ou único medo, que tem

um gosto de novo porvir.

Algum dia, a vontade não ser,

sem opressão, espera-me no silêncio,

nas confidências, a partir de lugar algum.

Eu faço uma canção para desabafar

ou, único medo vencido, e livre,

após remover as brumas secretas,

em êxtase, nesse afã, aconchegar você,

sempre comigo, do começo ao fim,

a partir de algum lugar...

Recomeçar...

 

 

Frase ilustrativa de efeito:

“É a filosofia que sorri do que foi decifrado”

 (Mário Sérgio Cortela)