Sobre Natal na Barca

30-11-2014 15:19

Ficção ou realidade, o conto é narrado na 1a. pessoa e e passa numa noite de natal, data importante no calendário religioso, marcada por confraternizações entre familiares e amigos. 

No conto, o pano de fundo traz uma criança doente, vidas solitárias, suspeita de morte, questionamentos, fé, confiança...

Quatro pessoas compõem a tripulação da barca: o barqueiro, uma mulher com o filho no colo, um velho bêbado e a narradora. 

A narradora inicia um diálogo com mãe que traz o filho no colo. A criança lhe parece inerte, sem vida, mas a mãe continua embalando-a.

A mãe relata que está levando o pequenino ao médico, e encontra na ouvinte uma aliada de confiança. Faz uma saudosa dimensão dot empo, a perda de outro filho, o marido ausente, distante.

Reconstrói o irrecuperável, a dor da perda, o conformismo.

O conto, analisado como um acidente de percurso, reverste-se de acentuado foco sociopsicológico: pessoas, ambiente, tempo, espaço. A solidão como cenário...

Figuras estáticas, diálogo direto. A mãe narra suas desventuras, o ambiente é taciturno - desvela problemas e mundos culturias divergem. A partir do diálogo, o ambiente se harmoniza pelo equilíbrio das contradições, do ouvir, do analisar, prendendo o leitor até o desenlace enignimático. São arquétipos da totalidade humana.

Quando a barca chega ao destino, a mulher desce com a criança renascida, um elo sensível se projeta no tempo presente, a existência integrada à realidade.

A narradora também desembarca, apressada, pois era esperada para uma ceia familiar. 

Fica nas entrelinhas: a criança não estaria apenas desfalecida e, sugando o seio a mãe, reanimara-se por estar alimentada? Foi uma terapia da mente? Houve um milagre, uma ressurreição, ou a criança apenas dormia? Será que a fé e confiança da mãe influenciaram uma manifestação de Deus, como um pdresente de natal para uma mulher tão sofrida?

A narradora, como observadora e ouvinte, se inseriu intimamente em todo o processo.

Dá uma boa discussão!